Ilhas Cook

Rarotonga

Motivação

Zapeando pela TV por assinatura, passei por um filme que me prendeu de cara a atenção: A Ilha da Imaginação (Nim’s Island). Uma menina vive feliz com seu pai em uma ilha totalmente isolada, alimentando sua imaginação com livros de aventura, em especial os do desbravador Alex Rover, seu herói predileto. Um dia, o pai da menina parte em uma expedição em busca de uma descoberta científica e deixa a filha sozinha por apenas dois dias, que se transformam em vários quando o barco é danificado e o deixa à deriva. Nesse meio tempo, o pai da menina recebe um e-mail de quem a menina pensa ser o escritor dos livros de aventura que tanto a fascinam, em busca de informações científicas para o próximo livro. A menina responde, mas pede ajuda a seu ídolo para ajudá-la em uma operação de resgate do pai, sem saber que, na realidade seu herói é o pseudônimo de uma escritora reclusa, que sofre de agorafobia e síndrome do pânico e que não sai de casa há muitos anos. A escritora se vê então diante de uma grande dúvida: deve enfrentar sua fobia para sair de casa e tentar ajudar a criança?

O filme é fascinante, mas o que mais me fascinou foi a ilha. Tive que rever o filme algumas vezes para descobrir o nome do aeroporto do lugar: Raro … o quê mesmo? Ah, Rarotonga. Descobri que o aeroporto e a ilha existem e fiquei alucinado pra ir. Assim começou minha epopeia de visitar Rarotonga, a ilha onde se localiza Avarua, a capital das Ilhas Cook, lugares dos quais nunca tinha ouvido falar e que passaram a fazer parte de minha pesquisa e se transformaram na minha ilha da imaginação pessoal. Tem gente que diz que é o fim do mundo. Sério que é um pontinho no meio do oceano pacífico sul, a meio caminho entre a Nova Zelândia e o Havaí. Mas encontrei por lá gente que poderia dizer que tinha acabado de chegar do fim do mundo: o Rio de Janeiro.

Decisão simples de tomar, mas não tão fácil de concretizar. Mas valeu cada centavo e hora da viagem de quase 30 horas, para ficar dois dias e três noites em Rarotonga.

Sabe uma ilha onde não se pode construir nenhum prédio mais alto do que uma palmeira? Onde não há sinais de trânsito? Onde só se pode dirigir no máximo a 50 km/hora, de carro ou de scooter? Onde a scooter e a bicicleta são o veículo preferido por todos? É lá que você tem que ir: Rarotonga.

Mais ainda: sabe uma ilha rodeada por arrecifes que formam piscinas e lagoas de água cristalina e cálida, onde você pode mergulhar e nadar com visibilidade de muitas dezenas de metros entre peixes tropicais e vida marinha riquíssimos? Uma ilha onde os habitantes o recebem com uma guirlanda de flores no aeroporto? Onde você pode passar mico ao cair de uma tarde modorrenta de luzes como que pintadas à mão tentando acompanhar a dança local onde as mulheres estão vestidas com saias de folhas e seios cobertos com metades de coco? É lá mesmo em Rarotonga.

Lembranças marcantes

  • A Linha Internacional de Data (LID), também conhecida como o antimeridiano de Greenwich, é um traçado imaginário no Oceano Pacífico, cuja função é estabelecer a separação entre o início e o final do dia na Terra. Com isso, quem cruza a LID no sentido leste-oeste, retrocede um dia no calendário, ou seja, ganha um dia e, no sentido oeste-leste, avança um dia no calendário. Peguei meu voo de 4 horas de duração de Auckland para Rarotonga às 19:00 e cheguei à uma da manhã do mesmo dia, ou seja, 18 horas antes (fuso horário de 22 horas). Já na volta, peguei meu voo de 4 horas de duração às duas da manhã de um dia e cheguei às seis da manhã do dia seguinte em Auckland. É preciso muito cuidado para não se confundir ao cruzar a LID. Quase perco o voo de conexão na volta em Auckland, pois achei que tinha um dia a mais em Rarotonga e planejei ir a Aitutaki, sem lembrar que perderia esse dia na volta. Minha sorte é que o dia extra que eu planejei passar em Aitutaki era um domingo e não havia voos para Aitutaki no domingo
  • Ao chegar no aeroporto em Rarotonga uma hora da manhã, fui recebido com um sorriso do policial alfandegário e um “Bem vindo ao paraíso”. No hotel, fui recebido por um guirlanda de flores. Tudo isso é marketing, lógico, mas é gostoso ser recebido com um sorriso em qualquer lugar do mundo, principalmente a uma da madrugada.
  • O hotel é o único em que já estive que deixa uma cartinha em baixo da porta no sábado à noite dizendo que “amanhã é domingo, dia de ir à missa e estar com a família. Você tem certeza de que faz questão de que nossos funcionários limpem o quarto?”. Um hotel que não quer limpar o quarto domingo para que seus funcionários fiquem com a família e vão à missa é como um restaurante que não quer trabalhar na hora do almoço para que seus funcionários comam com a família. Muito estranho. Mas pode ser normal em uma cidade tão pequena.
  • Um dos funcionários do hotel, católico fervoroso, ao saber que eu era do Rio de janeiro, fez questão de ir me procurar para dizer que estava chegando do Rio, onde tinha estado na Jornada Mundial da Juventude de julho de 2013. A Jornada organizou hospedagem em casas de famílias católicas para pessoas do mundo todo e tive a surpresa de saber que ele tinha ficado hospedado em Brás de Pina, um bairro popular vizinho ao bairro em que moro, também popular. Trocamos experiências de suburbanos.
  • Nascer e viver em uma pequena ilha de 32 km de perímetro, que pode ser percorrida em pouco mais de meia hora de scooter, deve dar uma sensação de estar em casa como em nenhum outro lugar. Cada recanto é seguro e a menor alteração de uma planta ou pedra que saiu do lugar deve ser motivo de deslumbramento. Mas eu me peguei angustiado. Imaginei passar a vida toda preso em um lugar de 32 km de circunferência. Não é pra mim.
  • A homossexualidade masculina é ilegal nas Ilhas Cook e relações sexuais entre homens pode levar à prisão por 7 anos. Já a feminina não é ilegal. Mesmo assim, desconheço alguma caso recente ou não de aplicação dessa legislação, o que pode se dever à influência da Nova Zelândia e da Austrália.
  • É um lugar maravilhoso e um tanto caro para ir do Brasil. Para quem já estiver por lá, na Austrália ou Nova Zelândia, vale muito à pena dar uma esticada de sete dias. Eu recomendaria Rarotonga por cinco dias e Aitutaki por dois. Mas não se esqueçam de que domingo não há voo de Rarotonga para Aitutaki. Deve ser para que os pilotos vão à missa.

Alguns fatos e percepções

A Oceania é dividida nas regiões Australásia, Polinésia, Micronésia e Melanésia. A Australásia, cujo nome ainda desperta ranço dos neozelandeses, que não aceitam que o nome valorize o país vizinho, inclui a Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné.

Fazem parte da Polinésia, um termo cunhado por um navegador francês no século XIII e que vem do grego “muitas ilhas”, as Ilhas Cook, um país autônomo em livre associação com a Nova Zelândia. São um arquipélago no Oceano Pacífico sul a meio caminho entre a Nova Zelândia e o Hawaii que compreende 15 ilhas cuja área total de terra, de pouco mais de 200 km², se estende por mais de dois milhões de km² de oceano. Rarotonga é a maior e mais populosa ilha das Ilhas Cook e é onde estão situadas a capital e o aeroporto internacional do país. A ilha de origem vulcânica tem perímetro total de 32 km e se ergue abruptamente a 4,5 km do fundo do mar e, por ser circundada por arrecifes de coral, é rodeada por uma lagoa de águas cristalinas.

Rarotonga

Cheguei de madrugada e fui recebido, juntamente com os demais passageiros do voo, por uma guirlanda de flores. Já começa bem. Tive mais sorte ainda no hotel, pois recebi um upgrade. Eu tinha reservado três noites em um resort comum para famílias (Rarotonga Beach Resort & Spa), mas me ofereceram outro da mesma cadeia (Sanctuary Rarotonga on the Beach – adults only), disponível apenas para adultos, que teria me custado 50% mais caro. Desculpem-me as mamães, mas não há nada melhor para um adulto do que um resort só para adultos. Ninguém aguenta os animadores de crianças nas piscinas dos hotéis berrando com os goblins enquanto tudo o que você quer é ler um livro na santa paz.

Fiquei ainda em um quarto com varanda para a areia e, melhor ainda, no último quarto da fileira e tive, a mata por vizinha em um dos lados. Maravilha.

Não tem nada melhor do que sair do quarto direto para uma praia praticamente deserta e sem crianças. Sentar na areia e deliciar-se com o sol excitante do início do dia ou preguiçoso do cair da tarde. A água cristalina e calma como uma piscina de quase uma centena de metros de largura permite que se ande bastante até atingir os arrecifes de coral. E, para quem não sabe nadar, como eu, não há nada melhor do que poder andar no mar.

A água é tão clara e calma, que parece que os peixes são pássaros voando entre nossas pernas.

Aluguei uma scooter, o transporte por excelência na ilha, e pude, então, dar várias voltas pelo curto perímetro da ilha, apenas 32 km. A primeira volta foi para saber onde parar nas próximas.

Escolher o lugar onde vai se ver o por do sol é difícil, pois cada por do sol é especial. Se há algo de que me arrependo na viagem é ter ficado apenas dois dias inteiros e três noites, por economia. A ilha merecia uns cinco dias. Eu poderia, por exemplo, ter aberto mão de um resort exclusivo e ficado em um hotel mais simples. Mas aí não sei se eu estaria com a mesma sensação de ter ficado pouco tempo. Qualquer tempo na muvuca é tempo demais.

A cultura maori é muito forte em Rarotonga, com imagens que representam o panteão da mitologia polinésia espalhadas pela ilha e pelo hotel.

Outra coisa que me chamou a atenção foram os alertas espalhados por toda a ilha de rotas de fuga para tsunamis. Será que tem tsunamis no paraíso? Surpreendi-me também com cemitérios. Morre gente no paraíso?

A scooter, minha fiel companheira, me levou a todos os lugares onde quis ir na ilha.

As danças de Rarotonga, acompanhadas por tambores, são diferentes das danças maori da Nova Zelândia, das quais a mais famosa é a haka, dança de guerra. Em Rarotonga, as danças são sensuais e representam o cortejo entre homem e mulher ou são uma dança da fertilidade. Tem gente dançando tanuré por toda a ilha, seja de dia, seja de noite. É um programa ótimo pagar mico tentando acompanhar o ritmo frenético dos quadris da mulher e o bater de pés dos homens ao som dos tambores.

Serviço

Infelizmente o transfer do aeroporto para o hotel ida e volta não está incluído no preço da diária. Além disso, o transfer de madrugada é mais caro, muito embora grande quantidade de voos chegue e parta de madrugada.

https://www.therarotongan.com/

http://sanctuary.hotels-rarotonga.com/en/

Passagem

ItemNZDBRL
16/08/2013 Virgin Australia voo Auckland-Rarotonga
18/08/2013 Virgin Australia voo Rarotonga-Auckland
(Classe econômica, incluindo uma bagagem gratuita e uma bagagem adicional comprada à parte)
795,881520,13
(16/08/2013)
16/08/2013 The Rarotongan Beach Resort & Spa
(3 noites)
915,001.628,70
(19/07/2013)

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