Fernando de Noronha
Motivação
Se eu fosse uma sardinha em um cardume, eu gostaria, pelo menos, de ser uma sardinha em um cardume devorado por golfinhos em Fernando de Noronha. Afinal, pode haver destino mais nobre do que alimentar o paraíso? Pois não há palavra que mais bem defina essa ilha que foi a primeira capitania hereditária do Brasil, lá no despertar do século XVI.
Num mergulho entre tartarugas, tubarões, polvos, arraias, lagostas, golfinhos e muitas espécies de peixes que vêm à praia se alimentar, pois é, das minhas irmãs sardinhas, nas águas cristalinas e cálidas aquecidas por correntes que vêm da África, o visitante sente-se abençoado pela experiência única de conviver no Éden com seus ancestrais, os peixes. Seja um mergulhador experiente ou mesmo alguém que nem sabe nadar, como eu, qualquer um vai sentir-se em casa na água.
Mas não é só o mar que oferece experiências superlativas ao visitante, que pode desfrutar também de praias ainda naturais, pouco frequentadas e onde se pode usufruir o que a areia tem de melhor: o som das ondas, o cheiro de maresia e a música do vento entre as palmeiras. Já disse que é um paraíso?
Sem viajar desde o início da pandemia de covid-19, eu estava ansioso pra botar a mochila nas costas e voltar a desbravar esse mundão. Li então que no mês de setembro de 2020, o único lugar do Brasil onde a contaminação estava controlada, a ilha de Fernando de Noronha, em lockdown desde abril de 2020 e sem transmissão comunitária desde maio, seria aberta para quem já havia sido infectado com a Covid-19, mas que estivesse clinicamente curado, ou seja, que pudesse comprovar a presença de anticorpos IgG na corrente sanguínea. Como eu tive covid-19 de forma assintomática em maio de 2020, tomei a decisão de conhecer a ilha, um local ao qual eu já tinha vontade de viajar há muito tempo. Chegou a hora, pensei.
Programei então minha viagem para início de outubro. No meio tempo, como o afluxo de turistas não foi tão grande como se esperava, a administração da ilha abriu em outubro para todos, desde que fizessem um teste de PCR no máximo até 72 horas antes do embarque.
O mais difícil foi combinar todas as partes da viagem: passagem, hotel, pacote turístico, autorização de viagem etc. sem ser forçado a contratar alguma das partes sem direito a cancelamento. Todos esses detalhes da organização constam ao final da postagem em Serviço.
Lembranças marcantes
- O arquipélago se tornou no início dos anos 1500 a primeira capitania hereditária do Brasil.
- A Baía do Sancho já foi considerada por dois anos consecutivos pela TripAdvisor a praia mais bonita do mundo. E faz jus à premiação.
- Outubro e novembro são meses excelentes para viajar ao arquipélago, pois, com a estação chuvosa recém-terminada, a vegetação está verde, a temperatura é perfeita e não chove.
- Um passeio à ilha pode ser caro, se o turista quiser almoçar e jantar fora com vinho ou cerveja todos os dias. Uma alternativa mais em conta é procurar hospedagem com direito a uso da cozinha e levar alguma comida e bebidas.
Aspectos específicos da pandemia
Quem pode comprovar cura clínica, ou seja, quem prova que tem
anticorpos IgG por exame sorologico feito há menos de 90 dias, tem
entrada liberada em Fernando de Noronha a partir de setembro de 2020. Os demais devem apresentar teste RT-PSR feito há menos de 72 horas (dia anterior ao embarque ou na data da viagem) e devem manter instalado durante o período de estadia na ilha o aplicativo de celular Dycovid – Dynamic Contact Tracing, que objetiva a rastreabilidade de uma possível circulação do vírus.
Eles foram muito rigorosos quanto aos 90 dias. Eu tinha um exame feito há pouco mais de 90 da data de chegada, enviei para avaliação e fui informado que não seria aceito. Ou eu seria tratado como os que não podiam comprovar cura clínica (teste de nariz e garganta e instalação de aplicativo) ou teria que fazer outro teste sorológico. Preferi esta última alternativa.
A chegada de dois voos, das companhias Azul e Gol, em 10 de outubro de 2020 marcou a reabertura total da ilha de Fernando de Noronha para o turismo. Depois de meses inoperante, o voo Gol 1919 de Recife para Fernando de Noronha foi reinaugurado em 10 de outubro de 2020. Foi nesse voo que cheguei.
Ir a Fernando de Noronha é tão especial, que até a equipe de voo
quis registrar o voo de reabertura em uma foto.
Eu fui o primeiro passageiro a embarcar, como disse feliz o funcionário da Gol. Todos da empresa estavam radiantes: uma alegria só. Bom viajar sendo bem recebido assim, mesmo de máscara.
Além da alegria da equipe de bordo, a celebração para o recomeço foi marcada também por um batismo realizado por jatos de água despejados por carros do Corpo de Bombeiros na aterrissagem no aeroporto em Noronha.
Tenho certeza de que os ilhéus estão tão felizes quanto quem chega com a chance de poder voltar a receber os turistas e voltar ao novo normal, espero que não queiram tirar dos turistas tudo que não ganharam em sete meses.
Andar sem máscara em Fernando de Noronha dá multa de R$ 2090,00. E é pra valer. Tão precisando de dinheiro. Por sua vez, no continente, restante do estado de Pernambuco, são multadas apenas as lojas que permitirem a entrada de gente sem máscara e não o próprio comprador sem máscara. A multa varia de R$ 1.000,00 a R$ 100.000,00.
Mesmo com toda alegada preocupação com a saúde, tanto dos turistas quanto dos moradores da ilha, para evitar que o vírus volte a circular no arquipélago, o uso de máscaras não era um padrão. Muitos moradores circulavam e frequentavam o comércio local sem máscara.
Cotidiano na ilha
Faz tempo que se tenta fazer de Noronha uma ilha verde, com o mínimo de poluição possível. É proibida a entrada de plástico na ilha, até mesmo de garrafas de tamanho inferior a 500 ml, o que fazem questão de alardear já no aeroporto, num cartas: “Bem vindo a Fernando de Noronha, a ilha sem plástico”. Só que o cartaz fica bem acima das cadeiras bloqueadas por fitas… de plástico.
E na ilha em que é proibida a entrada de plástico, as padarias oferecem luvas descartáveis para pegar o pão. Imagino que seja impossível se libertar
do hábito arraigado de checar com a mão se o pão está macio. Ou de futucar frutas, por exemplo.
Com tanta ênfase ecológica, eu estava guardando meu lixo pra levar de volta na mala, até eu perguntar a uma guia o que eles faziam com ele. Segundo ela, uma vez por semana o lixo vai a peso de ouro de barco para o continente, o que deixa os pernambucanos do continente irritados com o lixo da ilha acumulado no porto do Recife. Também alegam fazer reciclagem. Prefiro acreditar.
Aqui é tudo caro. Gasolina 7 reais o litro, maçã, pera e outras frutas a 25 reais o quilo. Até o troco não dado é caro. “Posso ficar devendo 5 centavos, pois estou sem moeda?” Esqueça. Aqui o nível é: ” Posso ficar devendo 40 centavos?”, perguntou a caixa do mercadinho, uma pernambucana saudosa da família. Ela me disse que foi contratada em fevereiro, imediatamente antes do lockdown, e que o contrato incluiria algumas viagens anuais para visitar a família em Recife. Chegou o lockdown e ela ficou presa. Essa forma de contratação é comum na ilha, já que não há gente experiente para prestação de serviço. Pedreiros, encanadores, eletricistas etc., todos são contratados temporariamente no continente.
E o preço da garrafa de água? é de assustar. Tá certo que tudo tem o preço do transporte aéreo ou aquático. Por isso é um dos passeios mais caros do Brasil. Sabendo disso, eu, que sou vegetariano e precavido, além de ainda ser cliente ouro da Gol, com direito a duas malas de 23 kg, trouxe garrafas d’água, frutas, miojo, biscoitos, cerveja, até pilha, se eu precisasse. Não tenho coragem de pagar uma fortuna por uma refeição. Como estava incluída na pousada o direito ao uso da cozinha, gastei pouco com comida. Ainda assim, descobri um lugar barato para comer, guardadas as devidas proporções, onde eu trocava a carne por omelete. No Café da Tia eu comia a mesma comida todos os dias, mas dava pra encarar.
A água em Fernando de Noronha é dessalinizada, mas não totalmente.
A guia fez uma piada que o cabelo das mulheres ficaria como um
ladrão: preso ou armado. Em que país ela vive, meu Deus? Será que, por aqui, só há essas opções para um ladrão?
Ninguém nasce em Fernando de Noronha. No sétimo mês da
gestação, a parturiente, juntamente com um acompanhante, são
instalados em um hotel em Recife por conta do governo de
Pernambuco. É bom e é ruim, pois indica que a ilha não tem hospital
equipado. Quando alguém tem um problema de saúde sério, como
um AVC (um parente da dona da pousada teve) tem que aguardar
uma UTI aérea do governo pelo menos até o dia seguinte, pois não
há voos à noite para não perturbar os pássaros. E como a UTI aérea
tem a agenda lotada, raramente chega em 24 horas. Muitos morrem. O governo de Pernambuco declarou em críticas já publicadas sobre o assunto que o número de partos em Noronha não justifica a manutenção de maternidade, e o custo para que os partos ocorram no Recife, onde há
total estrutura, é menos oneroso. Portanto, os que têm alguma fragilidade física, deve pensar muito antes de ir a Fernando de Noronha. Um lugar tão e, ao mesmo tempo, tão longe!
Lógico que a classe AAA não tem esses problemas. Quando eu estava esperando meu voo de volta, chegaram dois jatinhos particulares com famílias.
É raro, mas acontece. E, quando acontece, é o assunto mais
comentado. No fim de semana em que eu estava por lá, um turista foi furtado às 2 da madrugada, voltando para o hotel. Não há profissionais suficientes e capacitados na ilha para grandes obras. São contratados no
continente. Um desses profissionais do continente furtaram um turista. Os detalhes contados à boca pequena jogavam toda a culpa para os profissionais do continente.
Turista é roubado por pedreiro durante sexo grupal em Noronha (yahoo.com)
Atentar para a letra fria da lei e não para o espirito da lei dá origem a algumas coisas engraçadas. Dentro do meu quarto na pousada, havia uma placa na porta do banheiro avisando que é obrigatório o uso de máscara. Mesmo que imaginem que, onde não tem uma boa ventilação, seria sempre indicado o uso de máscara, alguém colocaria máscara no banheiro do quarto?
Se é obrigatório, fico imaginando que tem uma câmara escondida dentro do banheiro. Depois dizem que as redes sociais decretaram o fim da privacidade. Isso é pinto (sem trocadilho). Afinal, como vou cortar os cabelos do nariz? Ou fazer a barba, se eu fizesse?
Ninguém compra casa em Fernando de Noronha. Todos os que têm
direito a morar permanentemente na ilha, para o que os requisitos são
rigorosos, incluindo permanência de mais de dez anos, recebem do
governo um terreno sorteado para construírem sua casa. Mas, como
nas autonomias de taxi, que também não podem ser vendidas. tudo
se contorna. Um terreno com escritura de gaveta pode custar cinco
milhões. Por exemplo, Bruno Cagliasso está construindo sua segunda
pousada aqui. Aliás, o furto que aconteceu fim de semana passado foi
com pedreiros dessa obra.
Esclarecimentos complementares de Eduardo Ramos, a quem
agradeço.
“Se associa ao CNPJ que funciona no terreno. CNPJ tem que ter um
ilheu sócio pra funcionar no terreno cedido a ele. E essas compras de
CNPJ normalmente são atreladas a investimento. Quem quiser abrir
negócio lá precisa de um ilheu com um negócio ativo.
Esse negócio pode receber investimento pra crescer. Em recebendo, o
investidor vira sócio da empresa. Mas jamais será proprietário do
terreno.”
Alguns fatos e percepções
O arquipélago de Fernando de Noronha, situado no Oceano Atlântico, a 545 km de Recife e 360 km de Natal, deve seu nome ao explorador e comerciante Fernão de Loronha, donatário da capitania hereditária do arquipélago, a primeira capitania hereditária do Brasil, posteriormente transformada em dependência da capitania de Pernambuco.
Durante a segunda guerra mundial, quando o arquipélago tornou-se território federal administrado por militares, os Estados Unidos da América construíram na ilha um aeroporto, que passou a servir como base avançada de guerra e cuja jurisdição foi transferida pelo Brasil para a marinha daquele país. Após o fim da guerra, a administração do aeroporto voltou para o governo brasileiro.
Em 1988, o arquipélago foi incorporado como Distrito Estadual ao estado de Pernambuco que designa um administrador-geral. No mesmo ano, 70% da área do arquipélago tornou-se parque nacional, o que ajudou a preservar boa parte do seu patrimônio natural e a transformá-lo em atração turística de renome mundial. Em 2001, o arquipélago foi declarado pela UNESCO Patrimônio Natural da Humanidade, elencando entre os motivos não só sua biodiversidade, mas também sua importância como área de alimentação para várias espécies, a elevada população de golfinhos residentes e a proteção para espécies ameaçadas de extinção. Para que sua riqueza se conservasse foram impostos limites ao afluxo de público e normas de conduta.
Hoje a economia de Fernando de Noronha depende do turismo, movimentado não apenas por sua biodiversidade, mas também pelo reconhecimento de sua beleza ímpar.
As ilhas deste arquipélago são as partes visíveis de uma cadeia de montanhas submersas de origem vulcânica, cuja base está a cerca de 4 000 metros abaixo do nível do mar. A ilha principal compreende 91% da área total do arquipélago.
O clima é tropical, quente o ano todo, com temperatura média anual de 26 °C e amplitude térmica muito pequena, como é característico do entorno da linha do equador. Há chuvas concentradas entre fevereiro e julho, sendo abril o mês mais chuvoso. Ao longo do ano a temperatura da água do mar varia entre 26 °C e 28 °C e o mergulho a profundidades de 30 a 40 metros não exige uma roupa de mergulho. A visibilidade debaixo d’água pode chegar a até 50 metros.
O arquipélago possui diversificada vida marinha, sendo comum observar diversas espécies de peixes, tartarugas, tubarões e golfinhos.
Embora protegida pela designação de parque nacional, muito do seu ecosistema terrestre está destruído. Além de os recursos naturais da ilha já estarem vias de esgotamento, o turismo crescente tem sido muito prejudicial ao ambiente, produzindo danos vastos e alguns irreversíveis, entre eles acúmulo de lixo, favelização, falta de água, desigualdade social e perda de habitat de espécies endêmicas.
A maior parte da floresta original foi cortada e vários animais e plantas exóticos foram introduzidos na ilha e se tornaram invasores. Vegetação introduzida originalmente para alimentação de gado dissemina-se atualmente sem controle pelo território, ameaçando o que resta da vegetação original. Outra espécie invasora é um lagarto introduzido originalmente para tentar controlar a infestação de ratos, o que não teve êxito, uma vez que os ratos têm hábitos noturnos e o lagarto diurnos. Agora o lagarto passou a ser considerado praga, além de outras espécies exóticas que ameaçam a ecologia da ilha, como lagartixas, pererecas, camundongos etc. Ratos e gatos, que são a maior ameaça, estão sendo controlados através de projeto do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
Sem a cobertura das plantas, a ilha não retém água suficiente durante a estação seca e a vegetação resseca. Chama a atenção também a incoerência de se permitir a criação de ovelhas, cujos dejetos sabidamente acidificam o solo, enquanto se pede aos visitantes que preservem a Mata Atlântica insular em recuperação.
Mapa do Arquipélago de Fernando de Noronha
- Mar de Dentro
- Baía de Santo Antônio (porto)
- Praia da Biboca
- Praia do Cachorro (Vila dos Remédios)
- Praia do Meio
- Praia da Conceição
- Praia do Boldró (Vila Boldró)
- Praia do Americano
- Praia do Bode
- Praia da Quixabinha
- Praia da cacimba do Padre
- Baía dos Porcos
- Baía do Sancho
- Baía dos Golfinhos
- Ponta da Sapata
- Mar de Fora
- Praia do Leão
- Ponta das Caracas
- Baía Sueste
- Praia da Atalaia
- enseada da Caeira
- Buraco da Raquel
- Ponta da Air France
Baía de Santo Antônio
Os passeios de barco começam no porto. E já se começa a desfrutar de beleza no primeiro minuto.
Baía dos Golfinhos
Num passeio de barco, ao chegarmos à Baía dos Golfinhos, fomos seguidos na ida e na volta por um cardume de golfinhos e um inclusive fez uma pirueta fora d’água. “- Ahn, mas que fofo, eles querem brincar!” Nada mais distante da realidade. O cardume que acompanha os barcos é só de machos, para afastar a atenção das fêmeas e filhotes. Como uma fêmea pari um
filhote por vez e os machos fazem fila para copular, ninguém sabe de
quem são os filhotes. Diferentemente dos leões, em que o novo macho alfa da matilha mata os filhotes do macho alfa derrotado, para que as fêmeas deixem de amamentar e entrem novamente no cio, num grupo social de golfinhos todos machos protegem todos os filhotes.
Forte Nossa Senhora dos Remédios
Praia do Boldró e praia do Bode
Mirante Dois Irmãos
Praia do Sancho
A praia do Sancho foi considerada por dois anos seguidos pela
TripAdvisor a praia mais bonita do mundo. É uma baía totalmente
cercada por falésias de 60 metros cobertas de vegetação. No primeiro dia, cheguei de barco e, no segundo, aventurei-me descendo pela falésia e, na volta, subindo!!! Vale o esforço. Nada-se entre tubarões limão, arraias,
tartarugas e pequenos peixes. Bom, nada-se é modo de dizer, pois não sei nadar. Fui levado pelo guia. Ah, e como minha GoPro perdeu a vedação, não consegui filmar.
A baía do Sancho é realmente muito linda. Parece uma pintura dos deuses!
Praia da Conceição
Trilha Golfinho do Sancho
A baía do Sancho é acessível por mar e por terra. Na chegada por mar, por exemplo em um dos passeios oferecidos pelas operadoras de turismo, descortina-se em toda a plenitude as falésias que envolvem e abraçam a baía, mas não é permitido chegar à praia. É um mergulho do barco nas águas da baía. Já na chegada por terra a baía é mais pudica. Vai desabrochando aos poucos, como uma amante que se deixa conquistar. O primeiro relance da estonteante baía acontece na trilha golfinho do Sancho, quando somos tomados de chofre pela beleza do cenário com cores pintadas por mãos divinas. .Pode ser mais lindo? Pode. Daí, vamos descendo aos poucos e, a cada passo, diferentes cenários e pinturas nos recebem e saúdam. Chegamos ao topo das falésias e começa a descida mais íngreme. Passamos primeiro por um cilindro escavado na rocha, com escadas de ferro verticais. Essa primeira etapa vencida, vem a segunda, com uma escadaria irregular construída com degraus de pedra de tamanhos diferentes. Ao chegar na areia, parece que o esforço não foi nada, diante da maravilha que nos dá boas vindas.
Trilha Mirante Dois Irmãos
O morro Dois Irmãos é a marca registrada de Fernando de Noronha. Chega-se ao mirante pelo PIC do Sancho e daí, uma pequena caminhada leva à vista deslumbrante do mirante Dois Irmãos. Uma imagem para guardar para sempre na alma.
Baía de Sueste
Por ter ido exatamente no primeiro dia de flexibilização do lockdown, ainda havia muita coisa fechada. Ou talvez tenham voltado a fechar a ilha ao perceberem que nem os turistas nem os ilhéus estavam seguindo com rigor o distanciamento social e o uso de máscaras. Fato é que, muitas praias estavam vazias. Lógico que gostei muito mais. Praia pra mim é o canto das ondas, sol e areia no corpo e cheiro de maresia. Praia cheia, com o espaço na areia disputado entre banhistas, cadeiras alugadas pelos “donos” do local, som de forró e cheiro de peixe frito decididamente não é pra mim.
Praia do Leão
É difícil escolher dentre as diferentes praias qual a que gostamos mais. Cada praia tem uma característica própria e oferece diferentes possibilidades de lazer. Como pode um arquipélago tão pequeno ter tantas praias diferentes uma da outra e uma mais linda do que a outra?
Mirante Dois Irmãos
Mirador Air France
Palmas para um por do sol de arrepiar. As operadoras de turismo oferecem um passeio em que se assiste o por do sol num barco, com música e um peixinho grelhado. Mas, como para mim, praia é apenas o barulho das ondas e não som de forró, além de ser vegetariano e, portanto, não me sentir atraído por um peixinho grelhado, eu passo.
Porto Santo Antônio
Praia do Cachorro
A praia do Cachorro é uma das poucas das praias públicas, que podem ser visitadas sem pagamento da taxa de preservação ambiental do parque nacional.
Na praia do cachorro é proibida a entrada de cachorros sem guia. Vi dois.
Vila dos Remédios
Serviço
Para se visitar Fernando de Noronha, é necessário pagar a TPA – Taxa de Proteção Ambiental ao governo do Estado de Pernambuco (http://www.noronha.pe.gov.br/) e o ingresso ao Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha (https://www.parnanoronha.com.br/ ou https://www.icmbio.gov.br/portal/visitacao1/unidades-abertas-a-visitacao/192-parque-nacional-marinho-fernando-de-noronha.html)
A TPA vai de BRL 75,93 para permanência de um dia até BRL 5.355,45 para permanência de 30 dias. Já o ingresso ao parque nacional custa BRL 111,00 para brasileiros e BRL 222,00 para estrangeiros, com isenção para crianças abaixo de 10 anos e adultos acima de 60 anos.
Combinei o voo para Fernando de Noronha com uma estada de poucos dias em Recife. Se eu fosse direto seria mais barato, mas as conexões na volta não são boas e eu teria que esperar muito na conexão em Recife ou então pagar muito mais caro. Preferi dar uma esticada de dois dias em Recife e pagar menos.
Tinha feito uma reserva para uma semana antes, mas, na última hora, a Gol cancelou todos os voos e o primeiro voo Recife-Fernando de Noronha foi o que eu peguei, dia 10 de outubro de 2019.
A passagem Gol ficou então em BRL 1.363,73 (21/09/2020), detalhada como segue.
Data | Trechos |
10/10/2020 | Rio de Janeiro-Fernando de Noronha, com escala de 3:55 horas em Recife |
15/10/2020 | Fernando de Noronha-Recife |
18/10/2020 | Recife-Rio de Janeiro |
Como reservei a pousada antes de ter a passagem e antes de ter certeza de que obteria o direito de visitar a ilha. Os requisitos ainda não estavam definidos completamente quando comecei os trâmites da viagem. Por isso, fiz uma filtragem de cancelamento gratuito no Booking.com. Qual não foi minha surpresa ao perceber que 80% das ofertas de pousadas e hotéis com cancelamento gratuito estavam limitadas ao mesmo dia. Ou seja, cancelamento gratuito até o mesmo dia. Algo claramente ilegal, pois, no Brasil, qualquer consumidor tem o direito de desistir em até 7 dias depois da compra. Senti-me enganado, pois, ao escolher o filtro de cancelamento gratuito, raramente o cliente acredita que é verdade. Cuidado, portanto, é importante verificar até quando o cancelamento é possível. Nas pousadas e hotéis de Fernando de Noronha era de menos de 24 horas (até às 18 horas do mesmo dia).
Escolhi então uma pousada honesta, que me permitia cancelar até dias antes da chegada. Como sou vegetariano e imaginei que eu teria dificuldade de comer em restaurantes na ilha, principalmente por ser o primeiro dia de reabertura, preferi uma pousada que permitisse o uso da cozinha. Essa decisão se mostrou acertada, já que havia muito poucos restaurantes ou lanchonetes abertos.
Fiquei na pousada Casa do Maneco de 10 a 15 (cinco dias) e o preço foi BRL 1.275,00. A relação custo x benefício foi muito boa. A pousada é muito bem localizada, perto de supermercado, café, ponto de táxi, ônibus e restaurantes. O quarto era mantido impecavelmente limpo. O único ponto ruim era o fato de estarem aproveitando que a ilha ainda estava vazia para fazer uma pequena obra (instalação de pia e chuveiro para os hóspedes se limparem ao chegarem da praia). Com isso, o ruído podia incomodar, principalmente ao tirar uma sesta após o almoço. Outro ponto que não gostei foi o fato de a janela do quarto dar para o ambiente de almoço. Portanto, não era possível ficar com as cortinas abertas. Mas, como não havia nenhum outro hóspede, isso não era tão ruim. Por eu ser o primeiro hóspede, todo mundo sabia meu nome, desde a recepção da pousada, passando pelo pedreiro que fazia a obra até a recepcionista do mercadinho à frente. Eu me senti uma celebridade!
O hotel recomendou uma operadora de turismo vizinha, localizada na Vila dos Remédios. Acabei escolhendo outra não só por ser mais barata, mas por ser a mais famosa. Pelo fato de a ilha estar saindo do lockdown, as ofertas eram bastante favoráveis para compra de um combo de passeios. A operadora que escolhi foi a Atalaia Noronha.
https://www.atalaianoronha.com.br/
Os passeios que comprei foram os seguintes:
https://www.atalaianoronha.com.br/passeio/2/ilha-tour
https://www.atalaianoronha.com.br/passeio/1/passeio-de-barco
https://www.atalaianoronha.com.br/passeio/9/mergulho-batismo
O preço total desses passeios seria BRL 1.130,00, mas no combo, saiu por BRL 904,00.
O hotel incluía no preço o transfer de chegada e partida, mas, como a operadora de turismo também oferecia, preferi usar o da operadora, pois imaginei que haveria mais gente chegando no mesmo voo que eu com pacotes comprados na Atalaia Noronha do que para o mesmo hotel. Seria mais fácil localizar a operadora de turismo no aeroporto do que o taxista do hotel.